25.2.06

Carta, um elo entre mãos distantes


Cartas são o elo entre duas mãos distantes.
Prova, treino para a Olimpíada, Parque, tanta coisa espremendo o tempo. Mas logo entrou nos Correios a passos largos, ansiosos, quase saltitantes. E lá estava, esperando pelo toque de suas mãos: a carta.
A letra redonda, de pingos gordos nos is era inconfundivelmente dela. Reconhecia-a como distinguiria um riso, um cheiro, um toque da sua amada entre todas as mulheres do mundo.
Passou pelo tenente, pelo amigo, por si mesmo, fechou a porta do quarto. Então, procurou a luz, o silêncio, a quietude que tornasse perfeito o encontro.
Cartas nada mais são que o toque entre duas mãos distantes. Elas não dizem nada importante, são uma desculpa perfeita para as carícias na alma.
Já faz meses que não a podia ver, só se contentando com telefonemas na opressão do corredor da Academia. Telefonemas são apressados, precisam de respostas. Cartas, ao contrário, contam de vagar “Hoje, eu estava caminhando para a faculdade e vi aquela árvore do parque cheia de flores, lembrei de nós...”. Ao colocar o fone no lugar, tudo se perde, já com as cartas permanece o documento, o objeto físico do amor partilhado. É possível ler e reler, para provar a cada vez a sensação que cada palavra deixa.
Ele esqueceu a cama ao lado, sentar não lhe importava. Todo seu corpo era absorvido pela magia de senti-la quase que junto a si, ali, em suas mãos.
Os amigos entraram barulhentos no apartamento. Um irritado por causa do calor, outro rindo de um cadete do primeiro ano que tomara um trote. Mas neste momento tudo que importava para ele era só a carta. O mundo parecia um ruído distante.
Ela lhe dizia sobre o amor além do tempo, além quilômetros, além saudade. Sua namorada falava-lhe tão a fundo das coisas da vida futura, numa certeza tão concreta, que chegava a se sentir infantil, numa vontade de colo, de se jogar nos braços e ser frágil, sem que ninguém vá rir. Com ela podia ser idiota, errar, ter fraquezas, ser ele mesmo, que ela ia entender. Brincavam no rio, na praia, na cama, descobriam desenho em nuvens. Só que agora ficava tudo reservado para os poucos e privados momentos de férias e feriados longos. Tudo que desejava era sair dali, acabar com aquela prisão consentida. Enquanto era inviável escapar da realidade de viver no meio de um campo verde, silencioso à noite, frio tão frio no inverno, e quase incômodo na cama sem ela, enquanto ainda precisava agüentar sua formação, ela lhe tornava tão mais leve o fardo com uma simples carta.
Que encanto poderia haver num papel, numa tinta sob as mãos da mulher a quem se ama? Quem lhe contara, quem lhe sussurrara aos ouvidos as palavras, aquelas exatas palavras que ele precisava ouvir? Ela sabia, ah, sabia como ninguém falar-lhe fundo ao coração.
Um dos amigos reparando no outro que lia a folha, já imaginou o que seria e cutucou o colega ao lado. Os dois ficaram sérios depois sorriram maliciosos. Um já desacreditara no amor, a namorada o deixara. O outro não encontrara nenhuma que topasse aquele pacto de sobrevivência à distância. O terceiro, porém, aquele com sua carta na mão, não se importava nem um pouco com as histórias dos outros, sabia da força de sua carta, de seu amor, de seu futuro. Nada os deteriam. Guardou mais essa carta junto com as outras.
Procurou retribuir a mesma sensação a ela. Não tinha muito jeito, contudo, com as letra. Já perdera meio caderno, todo a paciência e a inspiração.
O que saiu foi justamente o que ela precisava: as simples e sinceras palavras que terminavam em “saudade, eu volto”.

20.2.06

Se coubesse na mala...

Na mala, o barbeador, o pote novo para esquentar o miojo, a escova nova que pedira. Um a um, iam os objetos passando pela mão dela direto para o interior da bolsa. Não esqueceu da toalha, correu no armário e pegou. Nem dos chocolates, pirulitos, biscoito. A cartinha foi para dentro da pasta, logo ali ao lado do bolo de meias e das cuecas.
Mas ainda assim sentia que faltava muito a colocar para que ele pudesse ter tudo o que necessitasse. Parou diante da mala azul, já batida de tantos anos, ainda conservando o nome gravado, e se deu conta de um pensamento que lhe trouxe um frio no estômago. Quantas mulheres já não arrumaram a mala do homem que amaram, sem saber que seria a última vez, pois estes não mais voltariam de suas missões?
Ela tentou não se conter nesta idéia da possível perda que sempre carregam as mulheres que amam um militar, não, não, afastou isso, pois já havia espaço demais para sentimentos angustiantes em seu coração de namorada de cadete. Como a aquela saudade que parecia sair pelos poros de tão grande que ia ficando a cada vez que incluía mais uma coisa na mala. Era uma estranha sensação de que preparava a própria dor, preparava com todo cuidado a partida que não queria. Só que continuava: tênis, havaianas, fio dental...
Sentou, não pelo cansaço físico, mas pelo mental mesmo. Requeria energia aquela manobra da preparação confortável para o outro. Este que ficara ali por todo o fim de semana, que viveu momentos tão intensos com ela que até pareceu por alguns segundos que tinham um namoro normal e que ele estaria na rua jogando bola no dia seguinte. Só que sabia que não era e a mala se encarregava de dar-lhe conta disso. Era o sinal de que a hora de deixar ir sempre chega.
Desistiu, era inútil, sempre faltaria algo importantíssimo. E se pudesse pôr as pernas para ele colocar entre as deles de noite e se sentir aquecido? Ou quem sabe os braços e envolvê-lo por trás quando estivesse sentado na cama, lendo as mensagens e detestando a solidão? Talvez, a boca para beijá-lo sempre com o beijo de Boa Noite. Podia ser também as mãos, para segurar as dele quando ele sentisse que a pressão era maior.
Riu, claro que não caberia ela toda dentro daquela mala, já cheia.
Antes de vê-lo entrar no ônibus, encostou a testa na dele e segurou-lhe o rosto com as duas mãos:
_ Me leva no seu coração, porque eu sempre vou estar contigo._ agarrou-lhe num abraço forte e já riu para afastar as lágrimas que teimavam em vir na frente._ Sou pequena, nem vou pesar tanto no seu peito.
Ele também sorriu, adorando o modo como ela conseguia tornar a vida dele mais leve e linda. Nem precisaria pedir, claro que a levaria consigo dentro do coração, onde não há estradas que separem.A mala agora nas costas, depois ele subindo no ônibus, que aos poucos se vai, ficando bem pequeno na estrada longa, até que desaparece feito caixinha de fósforo se encolhendo no horizonte.

13.2.06

Por Você


Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Por você, por você
Por você, por você
Por você conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria à prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Por você, por você...
[Barão Vermelho]
Por você...
Te esperaria mais e mais fins de semana
Entenderia a sua "prisão" na Academia
Aguentaria os telefones ocupados
Te dividiria com sua família que mora longe.
Deixaria meu emprego,
Conheceria o Norte,
Suportaria o calor do nordeste, o frio do sul,
Muito mais a secura do centro ou a violência do sudeste
Te perdoaria pelas ausências
Cuidaria dos seus filhos
Te seguraria a mão sempre
Pois por você
Tudo é possível,
Sem você
Nada tem sentido.

12.2.06

Estação da Vida

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai querer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

[Encontros e Despedidas]

A vida é cheia desses encontros e despedidas e muito mais serão nas nossas vidas de futuras esposas de militar. Tantas pessoas conheceremos com diferentes graus de intimidade. Afinal, acaba virando uma grande família. O nosso mundo tem limites muito maiores que o da maioria das outras mulheres... E nós sabemos como ninguém como a plataforma da nossa vida é bem mais movimentada. Mas desejo que ao lado de cada uma possa estar sempre o namorado de vocês para cada viagem rumo aos mais diferentes lugares.
Beijos, meninas!!!

10.2.06

Perseverança

Recentemente descobriram que há uma substância química no nosso corpo responsável pela paixão: aquele friozinho na barriga, a felicidade intensa, como se o mundo de repente adquirisse cores mais vivas e estivéssemos um pouco em êxtase. Dois anos depois, essa substância cai de nível e outra começa a comandar nosso sistema amoroso. Essa por sua vez nos traz sensações de mais tranqüilidade e segurança.
Isso serve para a maioria dos casais que conhecem bem a passagem da euforia inicial para a rotina posterior. Mas, segundo uma teoria minha, há restrições quando a dupla amorosa é formada por pelo menos um militar. Afinal, a distância prolonga o estado de encantamento. Além da segurança que o tempo instaura, se mantém a emoção de cada retorno.
As horas que antecedem o encontram se arrastam intermináveis, o ônibus parece nunca chegar e o enjôo resolve aumentar, na rodoviária não há como não dar aquela última olhadinha no espelho e o frio na barriga está sempre presente. Quando os vemos, semanas ou meses depois de uma longa espera, o coração dispara e o nível de adrenalina sobe, como se estivéssemos em queda livre. Os braços nos envolvem com uma desenvoltura de quem já conhece bem o corpo que possui e nossas mãos sentem a sensação do cabelo raspado roçando os dedos. O cheiro da pele transpirando o perfume. O riso nervoso, as bocas que não se contentam com um, dois, três beijos, mais abraço. E lá vai o casal caminhando abraçado, como se pela primeira vez tivessem encontrado o amor de suas vidas.
As que moram perto e possuem o privilégio de repetir a cada sexta feira essa sensação provam também do gosto da despedida que cada domingo lhes reserva. Porém, são as que moram em outro estado que carregam a ânsia de saciar uma saudade sempre mais crescente. Eles a cada almoço correm para o armário e buscam uma mensagem no celular, como uma mão que quer a outra. Cada noite que parece só começar depois das nove horas, quando é possível ouvir uma voz do outro lado da linha falando da mesma espera tão conhecida por ele. Cada noite de campo, em que no meio da selva, por um lampejo de segundo, o corpo fadigado se relembra de um rosto, de um riso e desfalece exausto de sono. E se não há esse rosto, quão vazia se torna a existência. Bem longe, em algum ponto desse mundão de Deus, uma menina olha no computador as fotos, nas prateleiras pela casa mais fotos, na memória, mais cenas. Só cenas, falta a pele, onde está a boca, o cheiro, o corpo quente, onde, onde está o toque, o gosto? Longe, bem longe.
No meio da solidão, muitas vezes essas meninas se perguntam se o que sentem é um amor de verdade, ou uma espera para que um dia ele aconteça, se por acaso estão fugindo da realidade ao aguardar alguém voltar, se o que está em seu coração é um sentimento genuíno ou talvez um conto de fadas alimentado por ela...
Na academia, entre uma aula e outra, tudo que os cadetes pedem, numa oração em silêncio é que essas dúvidas não permitam que percam o fio invisível que o sustentam: o amor. E eles temem quietos os amigos que lá ficarão alfinetando a paz da sua amada. Morrem de pavor dos carinhas que podem vê-las lindas, podem abraçá-las e, se aproveitando da carência, roubem um valioso beijo, que eles não dividiriam jamais com ninguém. Nessa tortura, balançam a cabeça e tentam se concentrar na aula, nas instruções.
Mas, às vezes, dá um pânico e eles explodem com os companheiros de quarto. Choram, falam coisa com coisa, sentem raiva, uma mistura de sentimentos que evocam fraqueza. Isso desencadeia uma desconfiança coletiva.
Não é diferente a muitos quilômetros dali, quando uma namorada ouve histórias, como a de uma moça de Resende que namorou 4 anos com um cadete e ao se formar ele a abandonou sem piedade. O resultado? Ela se matou.
Não há como, por instantes de fraqueza, as namoradas novas não sentirem-se inseguras. Principalmente porque estão longe. Se você é uma destas, que já passou por isso, aquieta esse coração. Não há como roubar o lugar que já é seu.Quatro anos passam e ele vai voltar para você, para que formem uma vida juntos e muito adiante lembrarão desta batalha vencida. Se ouve constantemente, ou lê no olhar das pessoas, que essa espera não será recompensada, não deixe isso destruir o seu amor. Aliás, esse é um assunto para o próximo post!

Privacidade


Como uma quase jornalista, tenho contato com o mundo dos “bastidores”. Quão cruel é a máquina que tem a informação como produto. A profissão hierarquiza: “famosos, ricos, mulher e os outros”. Essa é a ordem da caça. Vasculhar a intimidade alheia e estampá-la em primeira página, quanto mais tragédia melhor, é salário que aumenta. Sujo, trabalho sujo, você me diria. Sim, imundo. Gostaria de não ter que trabalhar nessa área de fofoca, mas independente de mim, continuarão as revistas lá na banca de jornal. Por quê se ganha tanto dinheiro com isso? Simples: as pessoas não estão satisfeita com suas vidas e precisam ver a derrota do artista para dizer: “Viu? Que adianta ser rico e nem sustentar um casamento? O meu está aqui!”. Essa catarse move milhões de dólares.
Quem disse que isso não afeta você, que se sente uma anônima? Sim, afeta, pois tudo que é diferente tende a ser motivo de inquietação para as outras pessoas. Quer mais diferente do que você namorar um militar? Um cara que vive longe de você e ainda por cima são felizes e apaixonados? Histórias de amor estão em extinção. Hoje, são plásticas, são capitalizadas, são um ficar numa noite, uma transa rápida. E quando vêem que você está vivendo um romance cheio de tanta carga emocional, vem a inveja. Inveja não é querer ter aquilo que você tem, o nome disso é admiração. Inveja é não quer que v-o-c-ê tenha! E ela tem força, principalmente quando encontra material para se pautar.
Digamos que fulano se acidentou e o dito cujo é famoso. Fácil, eu tenho meia hora para escrever uma minibiografia dele. Abro o santo google e lá estão fotos, o que ele falou da ex-mulher, quando foi pego traindo o marido e coisas bem mais escusas. Aí, você novamente se sente bem longe desse panorama. Errada outra vez. O orkut é um mural coletivo onde tudo se pode ser visto: desde dos seus gostos (através das comunidades), até suas fotos, seu perfil, seus planos e metas. E um monte de gente que não tem o que fazer, se alimentarão de curtir cada passo seu na comodidade do quarto, diante da tela.
Qual a solução? Acabar com seu flog, seu orkut, seu blog? Óbvio que não! Radicalismos sempre são um erro. A vida deve ter equilíbrio. Pense um pouquinho no que você expõe da sua vida pessoal. Para quem anda contando que está superfeliz?
Um conselho para as que acreditam ou não nisso: preservem a privacidade de vocês, pois a sua volta muitas são as que gostariam de terem o que têm. Essas forças ficam atuando invisíveis ao seu redor. Cuide bem da sua intimidade, das suas fotos, das suas histórias com seu amor. Não significa clausura! Há amigos com quem é maravilhoso dividir, desabafar, partilhar as conquistas. Eu disse a-m-i-g-o-s, esses sim te acrescentarão e darão força para seguir em frente.
O orkut é uma ótima ferramenta para encontrar pessoas, para deixar um recado para aquele que você nem sabe onde mora, ou nem tem o telefone. Mas o exagero na sua exposição pode ser mais prejudicial do que imagina. Empresas já têm como meio de seleção vasculhar o orkut de candidatos para ver suas comunidades e um simples: “eu sou preguiçoso”, pode detonar sua chance. Os “cookies” mapeiam todo o seu itinerário pela rede, os “Cavalos de Tróia” uma vez que entrem no seu pc pela internet, permitem que alguém bem longe de você leia tudo que está no seu computador (!), todas as suas mensagens no msn e você nem perceberá isso.
Refleti sobre o assunto por ter feito uma monografia na faculdade sobre a mudança do conceito público e privado a internet.A conclusão a que cheguei é que todos os recursos devem ser aproveitados, mas sem ingenuidade. O seu namoro está sendo vigiado por milhares de olhinhos... tanto na vida real como na virtual.
Que tal uma experiência? Se ponha no lugar de alguém que pouco te conhece. Abra tudo que na internet tenha a ver com você e observe bem atentamente até que grau você está exposta. Se atente a tudo que podem saber sobre a sua vida pessoal. Pois é, não só você, mas outros podem digitar seu nome e... * clique aqui*

p.s: O orkut também tem seu lado bom. É muito legal conhecer as meninas pelas comunidades referentes a “namoradas de cadete”. O msn também facilita conversas a quilômetros de distância. O blog permite um espaço para os textos. E, ah!, agradeço os comentários que algumas deixam, pois o retorno é gratificante!

9.2.06

Abdicar é perder?

Quando começamos uma relação com um militar já somos postas de imediato com um dilema futuro: “Você terá que abdicar de muitas coisas por ele”. E estas são simplesmente as mais importantes de sua vida: família, amigos, estudo e estado.
São dias intermináveis enquanto ele está em Campinas e você aqui ouvindo de Cicrano que é uma garota bonita demais para se submeter a esse compromisso à distância. Para ajudar, Beltrano acrescenta que isso pode nem valer a pena, pois lá na frente ele te trairá. Mas se a coisa pode ficar pior, ela ficará: “Você está perdendo sua juventude em lágrimas” e essa vem do seu melhor amigo. Tacada final é dos pais: “Esse cara merece mesmo isso?”
Se você não entrou em colapso e tomou uma cartela de antidepressivo e superar isso, ganha a próxima entrada para o grupo das “namoradas de cadete da Aman”. Sim, você começa a fazer parte desta associação de meninas que enfrentarão 4 anos de campos, distância, telefones ocupados...
Já que o namoro está durando, as frases, então, vêm com mais força na direção contrária a sua felicidade: “Você largará sua faculdade?” e “Vai embora do seu estado?”, “Deixará seus pais?”.
Bom, isso tudo é fácil de ser rebatido com palavras. Até que o quarto ano se aproxima e bate o pânico. Porque, de repente, todas as suas promessas ao seu amor vão ser postas à prova. E aí? Vai negar tudo o que disse? Contrariar a si mesma?
Nessa hora fica nebuloso o limite do egoísmo. Em que ponto está pensando mais em você mesma que no casal. Vamos, então, a D.R (Discutindo Relação):
1-Família: Sua família está mais que certa em tentar te proteger, em te manter junto deles. Mas não foi para isso que você veio ao mundo, para ficar morando eternamente com eles. Ponte aérea existe para isso, visitas de fim de semana idem. Só que o cerne do problema é o momento certo de deixar a casa. Qual?
2-Estudo- O melhor momento é quando você estiver concluído seus estudos. E não é egoísmo nenhum ter o direito de terminar sua faculdade. Se não é possível transferi-la, então, chega a hora do seu amor fazer o reverso da moeda. Você não suportou Prep e Aman, então, que ele te espere acabar. Assim, poderá ter uma carreira. Não e não e não abdique a sua em detrimento da dele. Essa frustração é você quem vai carregar e amor não cobre isso. Nem vem que não cobre. No máximo dissimula. Então, não se ache um monstro se tiver que pôr as cartas na mesa e dizer que seu sonho também tem valor.
3-Amigos- Sim, será difícil ter que deixá-los, mas eles continuarão morando no seu coração. E muitos outros virão, não para substituir os de infância, mas para te fazer crescer, te acrescentar como ser humano. Pessoas em outros locais que também precisarão de você.
4-Estado- Isso de preconceito com as regiões é um pouco de medo do novo, afinal, todos os lugares tem coisas boas e ruins para oferecer. Pegue essa bagagem cultural e aproveite, pois Deus te fez viajante como os pássaros e não uma raiz fincada. Não será para sempre.
Se seu amor precisa muito do dinheiro da transferência, então, é hora de ser firme e decidir se vai com ele, ou agüentará dois anos de distância. Sim, antes que diga que não sabe, você sabe sim a resposta, mas terá que ter força para arcar com ela.
Tudo continua sendo um dilema? Então, procure um lugar calmo, senta, medita sobre o que é melhor para você. E aí chegará a conclusão de que o melhor de uma maneira ou de outra tem que incluir seu militar. Já que é assim, coragem, pois a batalha será contra todos e se desamarrar de todas as invisíveis cordas que te prendem onde está vai requerer energia demais. Essa força estará no seu amor. Abraça-se a ele e pegue na mão. Caminhem juntos, pois Deus lá em cima não te deixou passar por essa vida sem a chance de se sentir completa. Completamente feliz. E felicidade tem um preço.
Se a sua história terá um final feliz? Ora, por que não? Já disse e vou repetir: Esquece os fracassos dos outros, a sua vida não tem que repetir as versões de derrota das outras pessoas!
Tudo isso é fácil, simples? Claro que não! É tão alucinante que só nós sabemos o que significa! Torço por cada uma de nós!
Hei! Alegria nesse coração, menina, afinal, serão futuras vizinhas das vilas militares, nossos filhos brincarão juntos e sairemos para fazer comprinhas Opsss... Que eles não saibam dessa parte, senão... rs

8.2.06

"Eu te espero"


O barulho em meio ao corredor era ensurdecedor. Cadetes que não paravam de comemorar não sei bem o quê. Mas um deles não parecia tão feliz, ao telefone ouvia coisas que pelos seus olhos davam para ver que não eram boas. Perdia as palavras, o mundo parecia deixar de existir, o chão sumia.
Isso me faz lembrar a cena do filme "Soldado Anônimo", em que o personagem fala com a namorada no orelhão. O menino, que nem sei o nome, nem quem é, chorou. Sozinho em meio aos outros totalmente alheios. Ele naquele corredor, dentro de uma Academia longe de todos aqueles que sempre o protegeram.
Ficou melhor, seguiu com seus treinos e estudos. Provavelmente está bem com sua amada, se não está, ao menos desejo, seja lá quem ele for.
Só que ninguém lhe tirará o medo da perda, do terrível sentimento de quem fica na estação da vida, enquanto vê o outro partir. Por isso, digo a todas as namoradas que não pensem que estar lá dentro é mais fácil. Que o difícil é estar aqui para serem tentadas pelos caras "acessíveis". Eles precisam muito mais do que imaginamos daquele bendito telefonema de boa noite, de uma voz do outro lado dizendo "eu te espero". Esse é o "eu te amo" militar, é um "eu te espero" que já simboliza um amor maior que qualquer superação que um casal comum tenha que passar.
Para as novatas eu desejo que tenham firmeza no namoro de vocês. Não levem em consideração as piadas dos outros cadetes mais velhos: "Fulano receberá o troféu do chifrudo", "Fulano será o primeiro a trair"... Isso é pura pressão. As cadetinas não são ameaça para vocês, pois é vocês que eles esperam do outro lado da linha.
Eu estava lá naquele sábado vendo os novos cadetes engressarem na academia. Havia um peito estufado de orgulho em cada um que atravessou aquele portão. Mas eles mal sabem os campos tenebrosos que os aguardam. Os fins de semana perdidos, o cansaço, a dor da saudade tão forte como uma dor física. Todas as datas comemorativas longe dos que amam. Mas eles têm a vocês. Têm quem diga: "Seja forte". Isso é a energia que os move, se não o sabem, isso tem mais valor que qualquer alimentação equilibrada. Pois nada pode disvirtuar mais um homem daqueles que o telefonema que diz: "Adeus".
Para as que já esperam o fim da Aman, a explosão da bolha que os libertará, coragem, pois agora ele precisará não mais da namorada e sim da mulher que pega a mala e diz: "vou contigo".
Já sei, já sei. Você está pensando: "Vale a pena largar tudo por alguém que pode me deixar um dia?"
Bom, isso me faz lembrar a história que ouvi esse ano de uma velhinha:
"_Eu sou argentina. Professora de alemão. Quando tinha 20 anos conheci um brasileiro da marinha. Em três meses casamos e vim para o Brasil. Larguei tudo e todos na Argentina. Vivemos intensamente um amor de 50 anos. Ele morreu. E posso dizer o que já sabia naqueles 3 meses de namoro: Ele foi o grande amor da minha vida."
Pensem, pois qualquer cara pode dar uma estabilidade a vocês, fincarem suas vidas numa casa na metrópole. Mas um só é capaz de te fazer feliz em qualquer lugar. Então, não os perca, pois não tentar é o maior erro de nossas vidas. Não faça do pessimismo dos outros a sua meta de vida, pelo contrário, diz "xó" para as energias negativas e mentalizem que tudo vai dar certo!
Desejo realmente que vocês sejam muito felizes e que seus namorados se tornem futuros grandes oficiais!
Beijos!

5.2.06

Na despedida da rodoviária


Não era apenas eu com lágrimas contidas nos olhos e o coração como um sapo a coaxar na garganta. Éramos cinco, seis, não sei ao certo, mas sei e senti o que cada uma ali passava ao ficar do outro lado da grade. É difícil dar o abraço de adeus e sentir na boca o beijo de quem deixa ir com pesar, mas enfeita o rosto com um sorriso de disfarce.

Um a um eles passavam pela roleta da rodoviária do Rio de Janeiro com destino a Resende. Nós, na nossa mudez contemplativa, mentalizávamos já no próximo fim de semana, no mais rápido abraço de reencontro, para assim suportar o sorriso e não transformá-lo em lágrimas. Cada uma de nós ali, namoradas de cadete, vimos o ônibus partir e depois tivemos que pegar as nossas próprias vidas e levá-las adiante.

Sem eles ao nosso lado todos os dias, teríamos que suportar nossa “tmps” sozinhas, nos livrar dos assaltos sem poder em seguida ligar para chorar nossa raiva com eles, nem mesmo teríamos nossos amores para desabafar sobre aquela matéria na faculdade que não estamos conseguindo levar... Só que éramos muito mais forte do que parecíamos naqueles rostos de meninas. Éramos mulheres fortes, que aguardaríamos a noite para disputarmos uma chance na linha daqueles telefones congestionados da AMAN, que driblaríamos nossos pais para ir visitá-los na bolha e até mesmo ficaríamos com o coração na mão na hora que eles escolhessem seus destinos no último ano. Ao lado destes futuros oficiais certamente estarão bravas mulheres!

Umas despedidas doem mais que outras, mas todas levam o que de mais precioso temos. Só que nossas histórias têm muito mais alegrias que estes momentos de despedidas saudosas. Tem é muita risada, felicidade e claro... Traquinagens,rs, com a “máfia” das namoradas de cadete unidas! Hei, quem vai às Olimpíadas da Aman?!Ai, eu quero ir. Será que vou poder?! Tomara!
Beijos, meninas!!!