Obscuro

O meu corpo ainda não criou imunidade para a despedida. Sempre fica anestesiado cada vez que o ônibus chega para levar um pedaço de mim e me sinto como num procedimento cirúrgico. Arrancam a melhor parte sem que eu nada possa fazer, pelo contrário, tenho que concender de bom grado.

Ainda um abraço, o último beijo, o calor, as mãos deslizando... se soltando e ele vai. Só daqui à... nem sei quando, nunca se sabe nada além do imprevisível... Um sorriso, um nó na garganta. Toda as coisas boas da vida tem o preço de serem horríveis quando acabam. E esse feriado chegou ao fim.

Para onde você vai ao se formar? O que quer fazer mesmo da sua vida? Me diz. São tantas respostas exatas que queria e não terei. Mas entrego a Deus a aflição que só eu sei onde mora, escondida, contida aqui dentro. Todas as lágrimas que só Ele, lá em cima, pode ver. Nenhuma caem em vão. Entrego minha vida, minha luta, minha saudade tremenda, meu amor... Deixo nas mãos de quem me criou, porque nas minhas já não sei mais lidar.

"Olhai os pássaros do céu. Vê? Eles não tecem, nem colem... E nem um só fica sem comer... Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois nem um fio do seu cabelo cai sem que Ele saiba"... De repente, voltando para casa, nesse derradeiro retorno, me recordei desta passagem. E me aliviei. O meu futuro está nas mãos de Deus, essa noite quero dormir em paz e entrego esse nó na garganta para Ele transformar em força e coragem!

Meninas, é difícil, tem horas que é confuso, amedrontador, obscuro, mas saibam, não estão sozinhas, sentimos todas o mesmo. Vamos ser fortes.

Uma semana linda para cada uma.

Beijos!