2.4.06

Me envie!

Essa semana tem siesp na AMAN e lá estão os nossos cadetes aprendendo a sobreviver num conflito que cada uma de nós reza no seu íntimo para nunca chegar.
"Então eu ouvi a voz do Senhor dizendo, "quem eu irei enviar?" "e quem irá para nós?" e eu disse, "Aqui eu estou. Me envie!"
(Isaías 7,8)
Richard Jadick estava cansado. O médico da marinha revirava o jornal, enquanto marinheiros estavam se dirigindo para o Iraque. Jadick havia perdido a guerra do golfo em 1991, era um sargento um pouco velho para as linhas de combate. Mas o comitê de medicina bateu em sua porta para procurar ajuda. Eles estavam com dificuldade de encontrar um médico para ir a uma missão no Iraque. "Quem poderemos enviar?", eles perguntaram. Jadick pensou por um momento. "Bem, eu posso ir".
Seus amigos disseram que ele era louco e sua mulher, a pediatra grávida de 9 meses do seu primeiro filho, tão pouco ficou feliz. Mas no verão de 2004, cinco dias após o nascimento do seu filho, ele embarcou para o Iraque. No avião, um sargento lhe disse: "Então, você é um dos nossos mais novos sargentos... Esse é um trabalho que eu não queria ter no lugar para onde estamos indo." Jadick escreveu para sua mulher: "Onde eu fui me meter?"
O lugar para onde eles foram era Fallujah. Um território onde enforcaram e queimaram corpos de soldados americanos. Para Jadick era uma jornada para o inferno. Numa noite antes do ataque, quis fazer uma missão de reconhecimento para saber contra quem estavam lutando.
No tratamento de doenças traumáticas há uma coisa conhecida como "Hora de ouro". Uma pessoa terrivelmente ferida que é levada para o hospital em uma hora tem mais chances de se salvar. Jadick aprendeu que na guerra não existe "hora de ouro". "Eles podem morrer em quinze minutos, e há algumas coisas que podem matá-los em seis minutos. Se for uma hemorragia arterial, pode ser em três minutos". Jadick sabia que um helicóptero de resgate estava fora de questão, pois poderia ser atingido.As noites era cheias de traçantes colorindo o céu de riscos vermelhos.
Numa manhã, Jadick, que ficava na área do hospital protegida, decidiu ir para a frente de batalha. Enquanto granadas explodiam próximas a ambulância e ouvia os tiros, Jadick recebia pelo rádio informações de que dois homens estavam gravemente feridos. Ele saiu do carro e foi buscar os feridos. "Eu não posso te dizer o quanto eu estava apavorado", ele disse, "minhas pernas queriam ficar naquele veículo, mas eu tinha que sair. Eu queria voltar para dentro do carro, deitar embaixo de alguma coisa e chorar. Eu me senti um covarde. Eu senti como se tivesse demorado horas para eu tomar aquela decisão." Jadick finalmente decidiu e foi. "Eu coloquei um homem no chão e tentei conter a hemorragia e via que não conseguia. Simplesmente não sabia o que fazer e era desesperador ver que mais outros seis precisavam de mim. Larguei esse homem e parti para outro. Eu estava de repente numa ambulância cheia de homens sangrando, não tinha tempo de lavar as mãos, nem trocar as luvas, do pescoço para baixo eu estava tomado de sangue."
Jadick avistou certa vez um atirador de elite e ordenou: "Mate aquele cara". Ele lembrou do hipócrita ensinamento "Não cause ferimentos", ele sabia que era "matar ou morrer". Ele olhou para seu soldado que estava morrendo de medo: "Se você tiver medo, ele não terá". O inverno rigoroso chegou e a hipotermia também. Agora Jadick tinha que lidar como todo tipo de adversidade. Ele ganhou uma condecoração por bravura e apenas um homem morreu em suas mãos.

(Matéria traduzida da revista Newsweek, 20/03/2006)
***
Estava lendo esta matéria e vendo as fotos... De repente, cheguei sensivelmente mais perto de uma possibilidade horrenda: podia ser meu namorado. E por trás de cada narração deste médico, estava na minha mente a face de aflição de sua mulher, nos Estados Unidos. Não estou aqui para discutir as questões político-econômicas do conflito. Penso nessa esposa, com seu bebê no colo, na varanda de sua casa, com os olhos perdidos. Enquanto amamenta seu filhinho, se pergunta onde está seu marido, será que estava ferido ou morto...
A mídia americana é proibida de mostrar os caixões dos mortos em combate. Mas cada uma das mais de 2000 mulheres que receberam os corpos dos seus amores viram a maior das dores...
Essa semana tem siesp na AMAN e lá estão os nossos cadetes aprendendo a sobreviver num conflito que cada uma de nós reza no seu íntimo para nunca chegar.
Que Deus proteja cada um dos nossos cadetes, aspirantes, tenentes e soldados!
Beijos, meninas!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Nossa que texto hein...to arrepiada...

Pois é Boa sorte e sucesso akeles que enfrentarao mais uma semana de campo...

estamos sendo rezando por eles...e quem nao acredita em Deus , pelo menos acredite no pensamento positivoooo

li ond vc leu e viu as fotos? fiquei interessada... me manda dps Ok?

domingo, abril 02, 2006 10:51:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

é eliane...nas semanas de campo pelo menos sabemos que eles vão sobreviver..e por pior que possa parecer, para algumas namoradas, noivas, esposas essas realidade de conflito já chegou!Aqui no rio, em vitória, nas fronteiras, onde eles tem que enfrentar o tráfico..sei que não temos baixas, nem corrermos riscos de ver eles indo para verdadeiras guerras...mas uma amiga minha infelizmente viu o amor dela indo para o haiti..e é nessas horas que peço muito para meu amor não se envolver nessas enrascadas!!!Que tenhamos força, fé, e acima de tudo, coragem, para lutar, e enfrentar ao lado de quem amamos tudo que nos é posto a prova!!
beijos meninas!!

segunda-feira, abril 03, 2006 12:11:00 AM  

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