Carta, um elo entre mãos distantes
Prova, treino para a Olimpíada, Parque, tanta coisa espremendo o tempo. Mas logo entrou nos Correios a passos largos, ansiosos, quase saltitantes. E lá estava, esperando pelo toque de suas mãos: a carta.
A letra redonda, de pingos gordos nos is era inconfundivelmente dela. Reconhecia-a como distinguiria um riso, um cheiro, um toque da sua amada entre todas as mulheres do mundo.
Passou pelo tenente, pelo amigo, por si mesmo, fechou a porta do quarto. Então, procurou a luz, o silêncio, a quietude que tornasse perfeito o encontro.
Cartas nada mais são que o toque entre duas mãos distantes. Elas não dizem nada importante, são uma desculpa perfeita para as carícias na alma.
Já faz meses que não a podia ver, só se contentando com telefonemas na opressão do corredor da Academia. Telefonemas são apressados, precisam de respostas. Cartas, ao contrário, contam de vagar “Hoje, eu estava caminhando para a faculdade e vi aquela árvore do parque cheia de flores, lembrei de nós...”. Ao colocar o fone no lugar, tudo se perde, já com as cartas permanece o documento, o objeto físico do amor partilhado. É possível ler e reler, para provar a cada vez a sensação que cada palavra deixa.
Ele esqueceu a cama ao lado, sentar não lhe importava. Todo seu corpo era absorvido pela magia de senti-la quase que junto a si, ali, em suas mãos.
Os amigos entraram barulhentos no apartamento. Um irritado por causa do calor, outro rindo de um cadete do primeiro ano que tomara um trote. Mas neste momento tudo que importava para ele era só a carta. O mundo parecia um ruído distante.
Ela lhe dizia sobre o amor além do tempo, além quilômetros, além saudade. Sua namorada falava-lhe tão a fundo das coisas da vida futura, numa certeza tão concreta, que chegava a se sentir infantil, numa vontade de colo, de se jogar nos braços e ser frágil, sem que ninguém vá rir. Com ela podia ser idiota, errar, ter fraquezas, ser ele mesmo, que ela ia entender. Brincavam no rio, na praia, na cama, descobriam desenho em nuvens. Só que agora ficava tudo reservado para os poucos e privados momentos de férias e feriados longos. Tudo que desejava era sair dali, acabar com aquela prisão consentida. Enquanto era inviável escapar da realidade de viver no meio de um campo verde, silencioso à noite, frio tão frio no inverno, e quase incômodo na cama sem ela, enquanto ainda precisava agüentar sua formação, ela lhe tornava tão mais leve o fardo com uma simples carta.
Que encanto poderia haver num papel, numa tinta sob as mãos da mulher a quem se ama? Quem lhe contara, quem lhe sussurrara aos ouvidos as palavras, aquelas exatas palavras que ele precisava ouvir? Ela sabia, ah, sabia como ninguém falar-lhe fundo ao coração.
Um dos amigos reparando no outro que lia a folha, já imaginou o que seria e cutucou o colega ao lado. Os dois ficaram sérios depois sorriram maliciosos. Um já desacreditara no amor, a namorada o deixara. O outro não encontrara nenhuma que topasse aquele pacto de sobrevivência à distância. O terceiro, porém, aquele com sua carta na mão, não se importava nem um pouco com as histórias dos outros, sabia da força de sua carta, de seu amor, de seu futuro. Nada os deteriam. Guardou mais essa carta junto com as outras.
Procurou retribuir a mesma sensação a ela. Não tinha muito jeito, contudo, com as letra. Já perdera meio caderno, todo a paciência e a inspiração. O que saiu foi justamente o que ela precisava: as simples e sinceras palavras que terminavam em “saudade, eu volto”.
A letra redonda, de pingos gordos nos is era inconfundivelmente dela. Reconhecia-a como distinguiria um riso, um cheiro, um toque da sua amada entre todas as mulheres do mundo.
Passou pelo tenente, pelo amigo, por si mesmo, fechou a porta do quarto. Então, procurou a luz, o silêncio, a quietude que tornasse perfeito o encontro.
Cartas nada mais são que o toque entre duas mãos distantes. Elas não dizem nada importante, são uma desculpa perfeita para as carícias na alma.
Já faz meses que não a podia ver, só se contentando com telefonemas na opressão do corredor da Academia. Telefonemas são apressados, precisam de respostas. Cartas, ao contrário, contam de vagar “Hoje, eu estava caminhando para a faculdade e vi aquela árvore do parque cheia de flores, lembrei de nós...”. Ao colocar o fone no lugar, tudo se perde, já com as cartas permanece o documento, o objeto físico do amor partilhado. É possível ler e reler, para provar a cada vez a sensação que cada palavra deixa.
Ele esqueceu a cama ao lado, sentar não lhe importava. Todo seu corpo era absorvido pela magia de senti-la quase que junto a si, ali, em suas mãos.
Os amigos entraram barulhentos no apartamento. Um irritado por causa do calor, outro rindo de um cadete do primeiro ano que tomara um trote. Mas neste momento tudo que importava para ele era só a carta. O mundo parecia um ruído distante.
Ela lhe dizia sobre o amor além do tempo, além quilômetros, além saudade. Sua namorada falava-lhe tão a fundo das coisas da vida futura, numa certeza tão concreta, que chegava a se sentir infantil, numa vontade de colo, de se jogar nos braços e ser frágil, sem que ninguém vá rir. Com ela podia ser idiota, errar, ter fraquezas, ser ele mesmo, que ela ia entender. Brincavam no rio, na praia, na cama, descobriam desenho em nuvens. Só que agora ficava tudo reservado para os poucos e privados momentos de férias e feriados longos. Tudo que desejava era sair dali, acabar com aquela prisão consentida. Enquanto era inviável escapar da realidade de viver no meio de um campo verde, silencioso à noite, frio tão frio no inverno, e quase incômodo na cama sem ela, enquanto ainda precisava agüentar sua formação, ela lhe tornava tão mais leve o fardo com uma simples carta.
Que encanto poderia haver num papel, numa tinta sob as mãos da mulher a quem se ama? Quem lhe contara, quem lhe sussurrara aos ouvidos as palavras, aquelas exatas palavras que ele precisava ouvir? Ela sabia, ah, sabia como ninguém falar-lhe fundo ao coração.
Um dos amigos reparando no outro que lia a folha, já imaginou o que seria e cutucou o colega ao lado. Os dois ficaram sérios depois sorriram maliciosos. Um já desacreditara no amor, a namorada o deixara. O outro não encontrara nenhuma que topasse aquele pacto de sobrevivência à distância. O terceiro, porém, aquele com sua carta na mão, não se importava nem um pouco com as histórias dos outros, sabia da força de sua carta, de seu amor, de seu futuro. Nada os deteriam. Guardou mais essa carta junto com as outras.
Procurou retribuir a mesma sensação a ela. Não tinha muito jeito, contudo, com as letra. Já perdera meio caderno, todo a paciência e a inspiração. O que saiu foi justamente o que ela precisava: as simples e sinceras palavras que terminavam em “saudade, eu volto”.
2 Comments:
ufa! voltei! th sido absorvida por seu texto! =oP~
deu até vontade de escrever...
bjo,Eliane!
e..Parabéns!! =*
aaiiii q lindoo!! mtoo perfeitoo!
bah... depois de um carnaval perfeito, dexei meu amor na rodoviaria hj! apesar dos olhos cheios de lagrimas, naum dexei nenhuma cair! me segurei... agora q cheguei em casa, li esse texto! naum aguentei! to em prantos aki! heeheheh
me sinto uma bobona! :/ jah to morrendo de saudade do meu lindo! :///
Eliane... tah lindoo, perfeito teu blog! mil bjinhuss
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