Príncipe Desencantado

Queria alguém assim, James Bond, taça de champanhe na mão, um sorrisinho misterioso e e me teria fácil. E lá veio ele sentar comigo num bar para conversar, enquanto ele bebia cerveja!
Tinha imaginado um carro conversível parando a minha rua inteira e um motorista armário abrindo a porta para mim. Veio ele me buscar na faculdade com o carro do pai todo tímido, perdido na multidão de alunos.
Esperava assim um homem que entendesse de filosofia, política, astronomia e comércio exterior. E lá veio ele me falar de armas, táticas, missões.
De repente, com medo da feliciadade, tomei uma louca atitude: tentei convencer a nós dois que não era nada sério.
Meu príncipe voltaria com flores, bombons e uma serenata à minha janela, mandaria mensagens por telefone, cartões virtuais para o meu e-mail e contrataria um carro de som.
E ele estava ocupado em uma semana de campo, não teria tempo, nem poderia ficar correndo atrás e bancando o jogo de pique-pega do amor. Era eu que decididamente deveria lutar, arriscar e deixar alguém mais uma vez tomar conta do meu coração. Era eu que precisava correr atrás!
Quando somos menininhas temos várias idéias infantis sobre nossos Príncipes encantado! Cada um mais perfeito que o outro. Quando amamos de verdade, descobrimos que o cara imperfeito pode ser a pessoa que você mais precisava para ser feliz. Meu Príncipe trouxe o sorriso para todos os dias da minha vida.
Depois de experiências passadas tão dolorosas... Chegou alguém para encher a minha vida de cor e de felicidade.Por isso, acho que nunca devemos desistir do amor.
E isso me fez lembrar de um lindo texto que li:
"Apesar de tudo, continuamos amando, e este "apesar de tudo" cobre o infinito. Esta frase do filósofo Cioran expressa a extensão dos nossos obstáculos amorosos. Apesar de termos acreditado na eternidade dos nossos sentimentos e depois descobrirmos que nada mantém-se estável por muito tempo, continuamos amando. Apesar de termos sofrido noites inteiras por amores que não se concretizaram ou que foram vagos ou pueris, continuamos amando. Apesar de termos sido rejeitados, apesar de o nosso amor não ter sido suficiente para encantar o outro e fazê-lo permanecer ao nosso lado, continuamos amando. Apesar de todos os livros escritos, todas as sentenças filosóficas, todas as análises terapêuticas e todos os exemplos de paixões falidas, continuamos amando. Apesar de não termos mais 15 anos e estarmos numa idade em que os outros acreditam que o nosso coração envelheceu, continuamos amando. Apesar de a pessoa que a gente ama sentir por nós um amor de amigo apenas, um amor fraterno, um amor camarada que nada faz lembrar o amor ardente que a gente deseja e sonha, continuamos amando. Apesar de a gente saber que o amor acaba, que o amor talvez nem seja pelo outro, mas apenas uma projeção do amor que a gente tem por nós mesmos, continuamos amando. Apesar da falta de grana, das desiluções com a política, do cansaço no final do dia, dos projetos que não foram adiante, do tempo que nos falta e do medo que nos sobra, continuamos amando. Apesar da chuva que não permite o passeio de mãos dadas, do espaço compartilhado que não permite privacidade, da desaprovação dos que nada têm a ver com o assunto, continuamos amando. Apesar de ele ser casado, de ela ser mais velha, de ele ser humilde ou de ela ser estrangeira, continuamos amando. Infinitamente, apesar de tudo e todos e apesar de nós mesmos. "
(autora deste texto é a escritora Martha Medeiros,26 de agosto de 2002)
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p.s: Agora estou com um blog pessoal, será um prazer receber visitas: Do outro lado do Jornal
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Beijos, meninas!