25.4.06

Príncipe Desencantado

Eu esperava um ser alto, loiro, olhos verdes ou azuis, assim para eu cair de quatro e lá veio o cara, cabelo raspado, jeans e tênis me falar no ouvido e me rouba um beijo.
Queria alguém assim, James Bond, taça de champanhe na mão, um sorrisinho misterioso e e me teria fácil. E lá veio ele sentar comigo num bar para conversar, enquanto ele bebia cerveja!
Tinha imaginado um carro conversível parando a minha rua inteira e um motorista armário abrindo a porta para mim. Veio ele me buscar na faculdade com o carro do pai todo tímido, perdido na multidão de alunos.
Esperava assim um homem que entendesse de filosofia, política, astronomia e comércio exterior. E lá veio ele me falar de armas, táticas, missões.
De repente, com medo da feliciadade, tomei uma louca atitude: tentei convencer a nós dois que não era nada sério.
Meu príncipe voltaria com flores, bombons e uma serenata à minha janela, mandaria mensagens por telefone, cartões virtuais para o meu e-mail e contrataria um carro de som.
E ele estava ocupado em uma semana de campo, não teria tempo, nem poderia ficar correndo atrás e bancando o jogo de pique-pega do amor. Era eu que decididamente deveria lutar, arriscar e deixar alguém mais uma vez tomar conta do meu coração. Era eu que precisava correr atrás!
Quando somos menininhas temos várias idéias infantis sobre nossos Príncipes encantado! Cada um mais perfeito que o outro. Quando amamos de verdade, descobrimos que o cara imperfeito pode ser a pessoa que você mais precisava para ser feliz. Meu Príncipe trouxe o sorriso para todos os dias da minha vida.
Depois de experiências passadas tão dolorosas... Chegou alguém para encher a minha vida de cor e de felicidade.Por isso, acho que nunca devemos desistir do amor.
E isso me fez lembrar de um lindo texto que li:
"Apesar de tudo, continuamos amando, e este "apesar de tudo" cobre o infinito. Esta frase do filósofo Cioran expressa a extensão dos nossos obstáculos amorosos. Apesar de termos acreditado na eternidade dos nossos sentimentos e depois descobrirmos que nada mantém-se estável por muito tempo, continuamos amando. Apesar de termos sofrido noites inteiras por amores que não se concretizaram ou que foram vagos ou pueris, continuamos amando. Apesar de termos sido rejeitados, apesar de o nosso amor não ter sido suficiente para encantar o outro e fazê-lo permanecer ao nosso lado, continuamos amando. Apesar de todos os livros escritos, todas as sentenças filosóficas, todas as análises terapêuticas e todos os exemplos de paixões falidas, continuamos amando. Apesar de não termos mais 15 anos e estarmos numa idade em que os outros acreditam que o nosso coração envelheceu, continuamos amando. Apesar de a pessoa que a gente ama sentir por nós um amor de amigo apenas, um amor fraterno, um amor camarada que nada faz lembrar o amor ardente que a gente deseja e sonha, continuamos amando. Apesar de a gente saber que o amor acaba, que o amor talvez nem seja pelo outro, mas apenas uma projeção do amor que a gente tem por nós mesmos, continuamos amando. Apesar da falta de grana, das desiluções com a política, do cansaço no final do dia, dos projetos que não foram adiante, do tempo que nos falta e do medo que nos sobra, continuamos amando. Apesar da chuva que não permite o passeio de mãos dadas, do espaço compartilhado que não permite privacidade, da desaprovação dos que nada têm a ver com o assunto, continuamos amando. Apesar de ele ser casado, de ela ser mais velha, de ele ser humilde ou de ela ser estrangeira, continuamos amando. Infinitamente, apesar de tudo e todos e apesar de nós mesmos. "
(autora deste texto é a escritora Martha Medeiros,26 de agosto de 2002)
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p.s: Agora estou com um blog pessoal, será um prazer receber visitas: Do outro lado do Jornal
Vou deixar o Link no perfil.
Beijos, meninas!

22.4.06

Mentiras e traições

Só que entre o trigo há o joio, num belo jardim também existem ervas daninhas...Quem bate na porta e aqui entra pode achar que caiu no mundo perfeito. Namorados venerados, namoradas capazes de agüentar uma guerra interior para aliar a carreira do seu amado à sua vida pessoal, profissional e familiar. Podem chegar até a duvidar: isso existe? Óbvio que pode existir. Eu confio no meu namorado, e você, também, né? Meu namoro me edifica e vai me fazer progredir para o resto da vida. O seu também, não?

Só que entre o trigo há o joio, num belo jardim também existem ervas daninhas. É uma realidade todas as histórias que ouvimos. São tantos meninos que acabam o namoro assim que se formam e alopram: vão para todas as "baladas", ficam com todas as meninas. Tem também o tipo "apressadinho" e já fica com elas durante a Academia. Enquanto suas namoradas estão em casa escrevendo cartinhas de amor, eles curtem umas escapadas "sem envolvimento". E os caras de pau? Que até no baile ficam com outras! E a namorada numa cidade bem longe supondo o quão tristinho estão eles sem sua "princesinha".

E se bater qualquer dúvida, ele vai ser veemente: "Que isso, amor, como pode disconfiar de mim?"

São tantas canalhices que a gente vê e ouve! Namorar à distância é ter um estômago de ferro para ouvir todas as pessoas recontando esses episódios para nós e ainda sim crermos que o nosso seria incapaz disso. Eu acredito no meu, você também, aposto! Mas quem já viveu algumas experiências de bancar a "idiota", sabe que o mundo não é feito de santos, de homens que seguem "a verdade e retidão". Como ainda sim conseguir crer? É querer ser burra outra vez? Não! É dar uma nova chance a um homem mostrar que pode ser diferente.

Se lá de longe, na sua cidade aí no nordeste, no norte, no oeste, você fica sendo azucrinada por seus amigos e familiares, não se abale. Se conhece seu namorado e sabe que não é do caráter dele te trair, para que se golpear com o machado das possibilidades?

Meninas, é uma situação delicada, pois não podemos mudar o fato de não estarmos ali para checar, para ir com eles nos eventos esportivos, nas saídas com os amigos... A onipresença é o último poder que teríamos. Então, é importante sermos fortes e confiarmos nos nossos amores, nesse sentimento que até agora nos fez chegar até aqui.

Um forte abraço para todas!

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p.s: Adorei os comentários do post aí de baixo!
Foi muito legal partilhar as experiências!

20.4.06

Rumo, qual seguir?

Mas, será que ficar próximo de nós é a melhor escolha para eles?Será que isso é garantia de um futuro a dois?O quarto ano passa voando, as expectativas sobre o novo lar são as melhores possíveis. Eles estão eufóricos por estarem saindo da famosa bolha. Alguns ainda correm atrás de uma melhor classificação, outros apenas aproveitam a situação em que se encontram para fazer planos para o futuro. Nós, as namoradas, estamos ansiosas pelo dia da decisão torcendo para que escolham ficar próximos de nós, se possível na mesma cidade de origem. Mas, será que ficar próximo de nós é a melhor escolha para eles? Será que isso é garantia de um futuro a dois?De um namoro duradouro?
Acredito que todas nós estejamos em busca de uma realização pessoal e profissional, e neste momento, deveremos nos colocar no lugar deles e nos questionar: o que é melhor para a carreira dele???

Eu já passei por essa fase de escolhas, e decidi que se fosse para ser assim, gostaria que fosse com base na sinceridade. Conversamos muito e decidimos primeiro pelos melhores quartéis do Brasil para se trabalhar na arma dele, desses lugares separamos os cinco melhores considerando a infra-estrutura da cidade. Lógico que estava com medo da escolha, da separação, da distância, mas tinha certeza de que ele fez a melhor escolha pra carreira dele, pra vida dele.Eles dão tudo de si para concluir a Aman, passam a pior fase da vida deles dentro daquela bolha, muitos deles só conseguem ver a família, os amigos e as namoradas uma vez por ano devido a distância. Eles merecem o melhor, a melhos cidade, o melhor quartel, assim estando satisfeitos e felizes nós com certeza estaremos tranqüilas por que sabemos que estamos caminhando juntos, nós lutando pelos nossos sonhos e eles trabalhando por seus ideais.Não sejamos injustas com quem nos ama, eles merecem nosso apoio e compreensão neste momento. Eles precisam ter a maturidade para escolher onde querem servir e continuar lutando como vem fazendo desde o começo.A melhor coisa a fazer e ajudá-lo nesta escolha e mostrar o melhor caminho a seguir, pensando em um todo, pensando no futuro.
Conheço meninos que escolheram as cidades próximas das namoradas por achar que elas ficariam com eles, que assim seria muito mais fácil... mas o namoro não durou mais do que semanas após o aspirantado.A escolha de uma cidade próxima não garante amor eterno.Sejamos fortes e honestas com nossos namorados, noivos ou maridos, se queremos viver com um militar deveremos estar dipostas a morar em diversos lugares. Independente de estar formada ou não, de estar trabalhando ou não. Nossa vida será sempre de mudanças.Não vamos deixar que nosso coração comande essa situação... mostraremos com a razão qual a melhor escolha a ser feita.
Força meninas!
Estou torcendo por vocês.

(Texto enviado pela noiva de um aspirante)
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p.s: Como vêem, meninas, não vivemos dilemas particulares, todas algum dia passarão pela decisão de o que fazer daqui em diante. Há os meninos que após se formarem mandam a namorada para o espaço e ficam com todas; outros que escolhem ficar perto por amor, outros que pensam em projeção e preferem ir para longe e reservar o dinheiro para o casamento... Não há uma fórmula de felicidade. Quando chegar a hora, escute seu coração e o siga.
Divulguem nosso blog, ouço muitas que chegam aqui pela primeira vez aflitas e se percebem em um grupo que partilham os mesmos questionamentos. Quem sabe não têm alguém precisando de uma luz em meio a algum conflito?
Beijos para todas!!!

16.4.06

O Fim?

E agora é chegado o fim...os anos de Aman se foram e agora a vida parece se tornar outra!Enfim a bolha estourou, mas e agora?!Você não terá mais a certeza de ele estar seguro lá dentro, apenas se preparando...é chegada a hora dele ir para a vida de verdade!
Alguma de nós vai ficar mais próxima de nossos amados, mas outras terão que agüentar um pouco mais a saudade e ter que deixá-lo partir para mais longe, para ir atrás de seus sonhos. Algumas irão juntas, casarão e seguirão os passos de seu amado, outras vão permanecer nas suas cidades de origem, lutando por seus sonhos, para depois se juntar ao seu amado na nova vida que se inicia.
A formatura, o baile, tudo parece um sonho...vê-lo arrumando o armário e retirando dele quatro anos de saudades, lutas e experiências...vê-lo num traje diferente do azulão, vê-lo empunhar a espada pela primeira vez...é tudo um sonho... é o fim de toda agonia que nos apertou o coração por anos, mas há de se iniciar uma nova etapa!
A partir de agora não seremos mais namoradas de cadetes, eles já serão aspiras, e daí para frente seremos namoradas de militares, e mais que agüentar a saudade teremos que agüentar também essa vida louca que eles levam, teremos que ver que agora eles são os responsáveis dentro de seus regimentos...e nós seremos porto seguro para quando eles voltarem de suas missões...os campos não acabarão, agora eles que terão que planejar e dar instruções, as missões não se extinguirão, elas se tornarão mais freqüentes!
Eles passaram de meninos para homens que carregaram o nome do Brasil não só na farda, mas também em seus corações...e em suas mentes, pois a eles será atribuídas cada vez mais responsabilidades, e disso dependerá a pátria!Agora teremos que ser as companheiras de lutas de nossos amados, teremos que achar rosas onde houver espinhos...teremos que nos manter forte e dar-lhes amor e compreensão acima de tudo!
Muitas serão as vezes que choraremos a saudade deles, muitas serão as vezes que desejaremos que eles não tivessem enveredado por esse caminho, muitas vezes nos perguntaremos porque, simplesmente porque a vida nos deu um amor tão complicado, choraremos, gritaremos, e quase desistiremos, mas isso nunca vai acontecer...pois dentro de cada mulher de um guerreiro existe um guerreiro mais forte ainda, que dá forças para ela se sustentar, e continua a amar aquele soldado, a continuar ao lado dele, batalhando e sempre, sempre lutando por sua felicidade, seja com um beijo, um sorriso, um afago..e sempre lembrando-se que não importa onde ele esteja, ele estará sempre em nossos corações e nós, dentro do deles!

ps: eu já passei pelo fim, meu amor serve no Rio de Janeiro...ainda luto pelo meu sonho...terminarei esse ano a faculdade! Apesar dele ter ficado por aqui, a vida não ficou mais fácil...posso até vê-lo mais...mas tem fins de semanas que não é tão tranquilo assim!Meninas, força para aguentar essa etapa da vida deles...força para as que resolverem ir junto com seus amados e força para as que resolverem ficar aguardando..acho que ainda não houve escolha de unidades
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(texto enviado por: Carol.)

9.4.06

Minha missão

...como meu coração também te escolheu, só me resta cuidar de você para sempre. Essa será minha silenciosa missão.Pelos prados que rastejas, pelas montanhas que escalas, por toda parte te acompanho em pensamentos aflitos. A água que te falta, o sono que adia, a comida que te suprimem também compõem parte de minha agonia. Em tuas marchas, pés com bolhas, rosto pintado, faca na mão, também lá estou desbravando contigo suas missões. Jamais te deixo só, com meu coração te sigo feito sombra em dias de sol e vagalumes nas noites de negrume intenso. Os grilos cantam no silêncio e você se aproveita do escuro para se tornar invisível com sua camuflagem. Mas te vejo, sempre te vejo com meus olhos que enxergam distantes tuas privações.

São tantos dias de campo. Eu aqui sozinha, inquieta e agoniada. Tu aí, marchando em fuga, seguindo suas estratégias, seus cálculos, suas missões. Uma semana bem maior que um ano inteiro. Uma hora, enfim, sempre acaba. E me apareces assim, lindo e de repente. Já de longe te avisto na rua, coração na boca, alma nos olhos. Transbordo, sem conter, e num riso, num choro, numa explosão, abro os braços.
Você, meu guerreiro, diante de tanta bravura, aí, dentro desta farda engomada, se despe da força e volta a ser menino. Sinto a respiração sufocada no abraço silencioso.

Jogado na cama, adormece desfalecido de dor. E me deixa sozinha com sua imagem. Queria te ouvir, te olhar, me tocar. Mas só pode oferecer seu corpo esvaziado de toda energia.
Sentada, meus olhos passeiam pelas curvas. A luz amarela torna os contornos mais ondulantes dos seus músculos. Sinto nas mãos o rossar do cabelo raspado e sorrio. Tantos dias que se arrastaram solitários até eu poder te ver assim, frágil, meu. Nas mãos tantos calos, farpas de madeira, cortes. As pernas cheias de picadas de carrapato e de formigas. Rosto magro. Calos nos ombros por causa das caminhadas com mochila. Queixo esfolado pelo capacete. Meu Deus, o que fizeram com você?

Abro o guarda roupa e busco um lençol. Te cubro com a delicadeza de quem teme te despertar da paz de um sono pesado. Sua farda pendurada no cabide me faz pensar em quanto sofrimento deve-se suportar para ter a honra de vestí-la. Porém, esse é o destino que escolheu e como meu coração também te escolheu, só me resta cuidar de você para sempre. Essa será minha silenciosa missão.

4.4.06

Toda decisão provoca perdas

a força está dentro de você e quando precisar, ela aparecerá para lutar contra todas as adversidades.No primeiro ano, começa a fase de aceitação. Ele vai ficar entubado na bolha e não há outra escolha a não ser tentar lidar com isso. No segundo, quando já passou pela terrível etapa dos campos e inúmeros serviços do primeiro ano, começa-se a avistar muito de longe o fim disso tudo. Claro, a única coisa que você consegue mentalizar é o mantra: "uma hora isso acaba!". Chega, então, o terceiro ano e a sensação de "nossa como eu sou forte" aflorando. Afinal, se agüentou até aqui é porque a tendência é só melhorar. O quarto ano começa e parece que a taça já está na mão. Inicia-se o alívio, finalmente, depois de tantos fins de semana sozinha, de tantos dias dos namorados sem ele, de todas as datas longe do seu amor, após cada tenebroso campo, cá está você com o alfinete para estourar a bolha!

É bem neste ano que chega uma notícia. Aliás, notícias é o que não te faltou até agora. Sabe aquela frase dele que já te dá até arrepio? "Amor, olha só... Tenho uma notícia para te dar..." Esse é bordão de cadete que tem namorada. Eles sempre nos informam dos imprevistos com este jeitinho cuidadoso.
É, o quarto ano vem com uma notícia de brinde: seu amor não vai ficar com você, vai sim para bem longe. Seja pela classificação, pela grana que precisa... Parece um passarinho que você pensa ter nas mãos, aí voa.
Dá vontade de gritar: "Hei, eu não mereço!Ninguém pensa em mim, não, é?" Depois o desespero, lágrimas, lágrimas, come, come, engorda, pára de comer, emagrece, incha o rosto, fica pálida... Passada essa etapa traumática, respira fundo, é fato: ele vai ficar longe mais um tempo.

Nesse momento sensível, dá uma mistura de raiva e dor. Aí, inicia-se uma confusão mental: "Será que estou sendo muito egoísta, só estou pensando em mim?"
A sua vida se abre feito um clarão e você se vê à um passo desse vale divisório: "Tranco a faculdade, largo tudo e vou com ele?" ou "Deixo ele ir, sigo minha vida, e depois ele volta, nossso amor vencerá mais uma batalha?"
Dá vontade de ligar para aquela psicóloga que responde perguntas no rádio, ou escrever uma carta para a colunista do jornal, perguntar para mãe, tia, amiga: "Qual a melhor solução?"
Você se esquece que a resposta não está nas outras pessoas, mas em você. Cada um tem o seu ritmo, o seu tempo, as suas metas... Não existem decisões que não provoquem perdas. Se escolher uma opção, terá que abrir mão dos benefícios da outra. A melhor é a que vai te fazer mais feliz e felicidade não se fabrica em série, cada um faz a sua.

Quando conversar com seu coração, tente pensar a longo prazo. Certas coisas que hoje você deixar de fazer, serão muito mais complicadas quando tiver filhos, casa, marido. Porém, não fazê-las também não fecham portas eternas. Até o último dia de sua existência é tempo de começar qualquer projeto.
Cuidado só para não transformar a vida profissional do seu amor na sua vida, pois corre o risco de se anular para viver à base do brilho dele. Tome com garra os seus planos de carreira ou de trabalho e se foque neles. Com a cabeça ocupada é bem mais fácil lidar com os entraves da profissão dele.

Muitas coisas te esperam, o aspirantado abrirá portas para novas experiências. Suas decisões alterarão seu futuro. Arrumar um emprego não é tão simples quando se tem um marido militar, afinal, que empresa quer investir em um funcionário que daqui a dois anos vai se demitir? Essa é uma pergunta que em todas as entrevistas servirão como ponto contra você. Então, tudo que hoje puder fazer por sua vida estudantil, melhor.
O concurso público é um bom caminho. Já se informou de algum cursinho? Já deu a mão para o "São Google" e pesquisou que empresas estão abrindo vagas?
O seu namorado tem as metas riscadas: se formar, estagiar, subir de patente em patente, fazer pós, curso disso e daquilo...
E você?

Se ele for para longe e você não puder ir junto, calma, não é o fim. É só um começo de uma nova experiência. Não estará estagnada, pelo contrário, estará andando com sua vida também. Se você vai aguentar? Lógico, o que fez em quatro anos? (Seis para as que pegaram o preparatório).
Já se sua decisão for ir junto e tem medo de não infrentar tudo sozinha, longe das pessas que te apoiam, fique tranquila, a força está dentro de você e quando precisar, ela aparecerá para lutar contra todas as adversidades.
Meninas, espero que tomem a melhor decisão!

Um forte abraço!

2.4.06

Me envie!

Essa semana tem siesp na AMAN e lá estão os nossos cadetes aprendendo a sobreviver num conflito que cada uma de nós reza no seu íntimo para nunca chegar.
"Então eu ouvi a voz do Senhor dizendo, "quem eu irei enviar?" "e quem irá para nós?" e eu disse, "Aqui eu estou. Me envie!"
(Isaías 7,8)
Richard Jadick estava cansado. O médico da marinha revirava o jornal, enquanto marinheiros estavam se dirigindo para o Iraque. Jadick havia perdido a guerra do golfo em 1991, era um sargento um pouco velho para as linhas de combate. Mas o comitê de medicina bateu em sua porta para procurar ajuda. Eles estavam com dificuldade de encontrar um médico para ir a uma missão no Iraque. "Quem poderemos enviar?", eles perguntaram. Jadick pensou por um momento. "Bem, eu posso ir".
Seus amigos disseram que ele era louco e sua mulher, a pediatra grávida de 9 meses do seu primeiro filho, tão pouco ficou feliz. Mas no verão de 2004, cinco dias após o nascimento do seu filho, ele embarcou para o Iraque. No avião, um sargento lhe disse: "Então, você é um dos nossos mais novos sargentos... Esse é um trabalho que eu não queria ter no lugar para onde estamos indo." Jadick escreveu para sua mulher: "Onde eu fui me meter?"
O lugar para onde eles foram era Fallujah. Um território onde enforcaram e queimaram corpos de soldados americanos. Para Jadick era uma jornada para o inferno. Numa noite antes do ataque, quis fazer uma missão de reconhecimento para saber contra quem estavam lutando.
No tratamento de doenças traumáticas há uma coisa conhecida como "Hora de ouro". Uma pessoa terrivelmente ferida que é levada para o hospital em uma hora tem mais chances de se salvar. Jadick aprendeu que na guerra não existe "hora de ouro". "Eles podem morrer em quinze minutos, e há algumas coisas que podem matá-los em seis minutos. Se for uma hemorragia arterial, pode ser em três minutos". Jadick sabia que um helicóptero de resgate estava fora de questão, pois poderia ser atingido.As noites era cheias de traçantes colorindo o céu de riscos vermelhos.
Numa manhã, Jadick, que ficava na área do hospital protegida, decidiu ir para a frente de batalha. Enquanto granadas explodiam próximas a ambulância e ouvia os tiros, Jadick recebia pelo rádio informações de que dois homens estavam gravemente feridos. Ele saiu do carro e foi buscar os feridos. "Eu não posso te dizer o quanto eu estava apavorado", ele disse, "minhas pernas queriam ficar naquele veículo, mas eu tinha que sair. Eu queria voltar para dentro do carro, deitar embaixo de alguma coisa e chorar. Eu me senti um covarde. Eu senti como se tivesse demorado horas para eu tomar aquela decisão." Jadick finalmente decidiu e foi. "Eu coloquei um homem no chão e tentei conter a hemorragia e via que não conseguia. Simplesmente não sabia o que fazer e era desesperador ver que mais outros seis precisavam de mim. Larguei esse homem e parti para outro. Eu estava de repente numa ambulância cheia de homens sangrando, não tinha tempo de lavar as mãos, nem trocar as luvas, do pescoço para baixo eu estava tomado de sangue."
Jadick avistou certa vez um atirador de elite e ordenou: "Mate aquele cara". Ele lembrou do hipócrita ensinamento "Não cause ferimentos", ele sabia que era "matar ou morrer". Ele olhou para seu soldado que estava morrendo de medo: "Se você tiver medo, ele não terá". O inverno rigoroso chegou e a hipotermia também. Agora Jadick tinha que lidar como todo tipo de adversidade. Ele ganhou uma condecoração por bravura e apenas um homem morreu em suas mãos.

(Matéria traduzida da revista Newsweek, 20/03/2006)
***
Estava lendo esta matéria e vendo as fotos... De repente, cheguei sensivelmente mais perto de uma possibilidade horrenda: podia ser meu namorado. E por trás de cada narração deste médico, estava na minha mente a face de aflição de sua mulher, nos Estados Unidos. Não estou aqui para discutir as questões político-econômicas do conflito. Penso nessa esposa, com seu bebê no colo, na varanda de sua casa, com os olhos perdidos. Enquanto amamenta seu filhinho, se pergunta onde está seu marido, será que estava ferido ou morto...
A mídia americana é proibida de mostrar os caixões dos mortos em combate. Mas cada uma das mais de 2000 mulheres que receberam os corpos dos seus amores viram a maior das dores...
Essa semana tem siesp na AMAN e lá estão os nossos cadetes aprendendo a sobreviver num conflito que cada uma de nós reza no seu íntimo para nunca chegar.
Que Deus proteja cada um dos nossos cadetes, aspirantes, tenentes e soldados!
Beijos, meninas!