Um amor maior que o de Romeu e Julieta
Shakespeare foi o pai do amor perfeito. Dele nasceu o casalzinho capaz de levar o amor às últimas conseqüência...ops! Quis dizer, às únicas conseqüências. O amor de Romeu e Julieta não foi até as últimas, mal chegou às primeiras conseqüências e já se matou com um beijinho envenenado.Levar às últimas conseqüências é viver o amor que pode deixar de ser mito, ser sonho.
Romeu não foi à casa da Julieta e ficou na sala, sentindo aquele climão, enquanto os pais da namorada o olhavam como se fosse um ratinho de laboratório a ser examinado. Nem Julieta brigou com a mãe para poder dormir na casa do namorado a primeira vez.
Romeu não esperou uma semana inteira no quartel, depois de um campo cheio de carrapato, frio, fome, formigas, sede, cansaço, cortes, sono, pereba e tudo que de ruim um campo pode ter, e ainda descobriu que estava de serviço no fim de semana. Julieta não ouviu do outro lado da linha que teria que ficar sozinha, enquanto suas amigas estavam histéricas esperando a hora de saírem com seus namorados para aquele barzinho que inaugurou.
Julieta não estava de TPM na semana de campo dele e começou a chorar de solidão, de angústia, se sentindo uma pata naquela calça que na loja lhe pareceu cair como num cisne branco e elegante; nem comeu um pacote de biscoito recheado de chocolate e se enterrou em depressão na cama.
Romeu não chegou no fim de semana seguinte na casa de Julieta e ela estava lindíssima, unha feita, cabelo cheiroso, blusa nova, saltinho e um sorrisinho lacivo que esconde todo os mistérios da programação do dia... Nem puxou-lhe, querendo dominá-la por inteiro, como consegue fazer num campo de batalha, não, não, ele sabe que nessa guerra é ele o rendido.
Julieta não passou pela experiência grotesca de falar boçalidades ao tentar não boiar no “dialeto militar” e matou os amigos dele de rir. E, pior, nem ela sabia porque eles riam e, pior do pior, o namorado lhe destina aquele olhar de pena. Há! Romeu não lhe disse com aquele orgulho de estufar o peito: “Eu estudo na AMAN” e Julieta não fez uma cara interrogativa de “socorro, preciso do meu Google”.
Romeu não teve que se mudar para outro estado e deixou para trás a garota que amava. Nem entrou no orkut dela depois e viu, no álbum de foto, Julieta com aquele vizinho playboyzinho escroto-ridículo-filho-da-mãe-mané ao lado dela e chorou. Não agüentou, mas as lágrimas vieram aos olhos, quis dar um chute, ou um soco com toda força na porta do mundo e gritar: Pára que quero descer. Ficou ali lendo os scraps sobre como a noite de ontem havia sido ótima para os dois pombinhos, como o churrasco da faculdade fora uma bombação... Até que saiu de perto do computador se sentindo naquele estado anestésico de quem sente falta do próprio corpo.
Romeu não olhou em volta do seu apartamento vazio sentindo a mutilação. Não estar com ela era faltar o melhor pedaço de si, a parte que lhe fazia rir, lhe proporcionava aquele estado eufórico de vivacidade. Era só o seu apartamento vazio, o seu carro na garagem, o seu emprego estável, a sua promoção eminente. Romeu não viveu para pegar um avião e tocar a campanhia do prédio de Julieta e ouvir da mãe dela que ela tinha saído sozinha.
Romeu não olhou para a livraria na esquina da rua e soube onde Julieta estaria. Entrou na loja com o coração pulsando tão forte que podia sentir a veia vertendo sangue quente na testa e no pescoço. E a viu. Tão linda, como se ela tivesse esse poder feminino de ficar ainda mais linda com o passar do tempo. Julieta de saia branca, camiseta rosa, recostada numa poltrona, com aquela mania de ler mexendo os lábios quando está interessante a leitura. Chegou por trás e tocou no cabelo loiro levemente ondulado de Julieta.
Julieta se matou muito antes e não quase gritou de susto quando se virou e deu de cara com o sorriso lindo e os olhos de um negro vivo de Romeu. Não podia crer: ele bem ali, se sentando do seu lado na poltrona e tomando o livro de sua mão:
_ Vai sair o novo do Harry Potter._ Comentou ele, enquanto folheava o livro em inglês, mais para ocupar as mãos e os olhos, porque nunca gostara daquele tipo de leitura, mas sabia muito bem do fascínio da namorada. Ex... Ah!Namorada, para ele eternamente namorada.
_ Eu sei._ Julieta toma o livro e levanta-se. Põe na prateleira e avisa que estava atrasada, repentinamente atrasada para... para... ah!Para ir até a casa da Nina buscar... Buscar... o seu caderno.
Romeu a segue. Não adiantaria ela apressar o passo porque resistência física era algo que ele tinha!
_Você não tem o que fazer não?_ Julieta pára, põe as mãos na cintura._ Por que vem aqui para me atormentar, hen? Já não foi embora me abandonando? Agora some!_ tentou continuar o caminho, mas foi puxada pelo braço._ Me solta, eu tenho um namor...
Beijou-lhe a boca sem muito tempo para brigas. Perdeu a paciência com a resistência e teve que levá-la para junto do muro. Conteve-a com as mãos firmes:
_Eu te amo. Eu te amo tanto. Eu vou enlouquecer sem você._ pegou-a pelo rosto._ Vem comigo, fica comigo para sempre?
_Você não ouviu o que eu disse? EU TENHO UM NAMORADO!
_Não! Você tem um estepe! Um cara que você está usando para me esquecer!
_Há! Deixa de ser ridículo, garoto! Volta pro seu quartel patético! Porque eu cansei de ficar no orelhão e ligar para lá e só dar ocupado. Cansei de ficar sozinha em casa. Cansei dos seus campos, das suas transferências, de..._ a voz embargou e os olhos de oceano, azuis brilhante e turbulentos desaguaram._ me deixa._ virou-se.
_ Cansou também das nossas viagens loucas?_ Romeu a seguiu mais atrás._ Cansou de deitar no meu colo para ver filme em dia de chuva, cansou do amor que a gente fazia no apartamento da Cris, cansou do meu cheiro, do meu jeito...?_ puxou-a para que ficasse de frente para ele, corpo a corpo._ Cansou de ser feliz?
_ Eu não cansei._ Ela olhava para o lado, perdida._ Foi você que foi embora e levou a minha felicidade.
Romeu nunca pensou que doesse tanto vê-la ir embora pela rua, atravessar sem olhar para trás, como um navio que vai ao longe e esquece o cais. E pareceu voltar de uma guerra perdida quando retornou para sua vida conquistada: apartamento-carro-vida-estável. Os dias se passaram cinzas, quando de manhã cedo ouve uma batida na porta. Se arrasta pelo corredor, arruma o cabelo com as mãos e tenta adaptar os olhos a claridade da luz da cozinha que acende. Olha pelo olho mágico e pensa que é um sonho o que vê. Abre a porta.
_Eu não pretendo lavar farda hen?!_Julieta entra e joga as malas num canto._ Nem pense que vai deixar copo na pia!_ apontou para a louça da janta de ontem.
Romeu com uma cara incrédula, um sorriso de felicidade plena, não se mexe, teme que seja um sonho e o despertador o acorde a qualquer momento. Julieta, então, lhe abraça, não consegue envolvê-lo por inteiro, por ser tão pequenina perto daquele gigante.
_Eu amo você. Não adianta, é só você, só com você..._ riu da própria loucura.
Romeu nunca deixou Julieta sozinha em casa para se virar com os filhos. Julieta nunca soube o que era dormir abraçada ao lado do seu amor já velhinhos os dois. Eles não tinham fotos de todas as viagens na estante da sala.
Porque isso seria amor, seria levar às últimas conseqüências. Romeu e Julieta preferiram não lutar, se entregaram a morte muito antes de viverem a realidade.
Para amar um militar e lutar pelo cara que mexe com a gente de verdade é preciso um amor muito maior que o de Romeu e Julieta, um amor que resista.
Romeu não foi à casa da Julieta e ficou na sala, sentindo aquele climão, enquanto os pais da namorada o olhavam como se fosse um ratinho de laboratório a ser examinado. Nem Julieta brigou com a mãe para poder dormir na casa do namorado a primeira vez.
Romeu não esperou uma semana inteira no quartel, depois de um campo cheio de carrapato, frio, fome, formigas, sede, cansaço, cortes, sono, pereba e tudo que de ruim um campo pode ter, e ainda descobriu que estava de serviço no fim de semana. Julieta não ouviu do outro lado da linha que teria que ficar sozinha, enquanto suas amigas estavam histéricas esperando a hora de saírem com seus namorados para aquele barzinho que inaugurou.
Julieta não estava de TPM na semana de campo dele e começou a chorar de solidão, de angústia, se sentindo uma pata naquela calça que na loja lhe pareceu cair como num cisne branco e elegante; nem comeu um pacote de biscoito recheado de chocolate e se enterrou em depressão na cama.
Romeu não chegou no fim de semana seguinte na casa de Julieta e ela estava lindíssima, unha feita, cabelo cheiroso, blusa nova, saltinho e um sorrisinho lacivo que esconde todo os mistérios da programação do dia... Nem puxou-lhe, querendo dominá-la por inteiro, como consegue fazer num campo de batalha, não, não, ele sabe que nessa guerra é ele o rendido.
Julieta não passou pela experiência grotesca de falar boçalidades ao tentar não boiar no “dialeto militar” e matou os amigos dele de rir. E, pior, nem ela sabia porque eles riam e, pior do pior, o namorado lhe destina aquele olhar de pena. Há! Romeu não lhe disse com aquele orgulho de estufar o peito: “Eu estudo na AMAN” e Julieta não fez uma cara interrogativa de “socorro, preciso do meu Google”.
Romeu não teve que se mudar para outro estado e deixou para trás a garota que amava. Nem entrou no orkut dela depois e viu, no álbum de foto, Julieta com aquele vizinho playboyzinho escroto-ridículo-filho-da-mãe-mané ao lado dela e chorou. Não agüentou, mas as lágrimas vieram aos olhos, quis dar um chute, ou um soco com toda força na porta do mundo e gritar: Pára que quero descer. Ficou ali lendo os scraps sobre como a noite de ontem havia sido ótima para os dois pombinhos, como o churrasco da faculdade fora uma bombação... Até que saiu de perto do computador se sentindo naquele estado anestésico de quem sente falta do próprio corpo.
Romeu não olhou em volta do seu apartamento vazio sentindo a mutilação. Não estar com ela era faltar o melhor pedaço de si, a parte que lhe fazia rir, lhe proporcionava aquele estado eufórico de vivacidade. Era só o seu apartamento vazio, o seu carro na garagem, o seu emprego estável, a sua promoção eminente. Romeu não viveu para pegar um avião e tocar a campanhia do prédio de Julieta e ouvir da mãe dela que ela tinha saído sozinha.
Romeu não olhou para a livraria na esquina da rua e soube onde Julieta estaria. Entrou na loja com o coração pulsando tão forte que podia sentir a veia vertendo sangue quente na testa e no pescoço. E a viu. Tão linda, como se ela tivesse esse poder feminino de ficar ainda mais linda com o passar do tempo. Julieta de saia branca, camiseta rosa, recostada numa poltrona, com aquela mania de ler mexendo os lábios quando está interessante a leitura. Chegou por trás e tocou no cabelo loiro levemente ondulado de Julieta.
Julieta se matou muito antes e não quase gritou de susto quando se virou e deu de cara com o sorriso lindo e os olhos de um negro vivo de Romeu. Não podia crer: ele bem ali, se sentando do seu lado na poltrona e tomando o livro de sua mão:
_ Vai sair o novo do Harry Potter._ Comentou ele, enquanto folheava o livro em inglês, mais para ocupar as mãos e os olhos, porque nunca gostara daquele tipo de leitura, mas sabia muito bem do fascínio da namorada. Ex... Ah!Namorada, para ele eternamente namorada.
_ Eu sei._ Julieta toma o livro e levanta-se. Põe na prateleira e avisa que estava atrasada, repentinamente atrasada para... para... ah!Para ir até a casa da Nina buscar... Buscar... o seu caderno.
Romeu a segue. Não adiantaria ela apressar o passo porque resistência física era algo que ele tinha!
_Você não tem o que fazer não?_ Julieta pára, põe as mãos na cintura._ Por que vem aqui para me atormentar, hen? Já não foi embora me abandonando? Agora some!_ tentou continuar o caminho, mas foi puxada pelo braço._ Me solta, eu tenho um namor...
Beijou-lhe a boca sem muito tempo para brigas. Perdeu a paciência com a resistência e teve que levá-la para junto do muro. Conteve-a com as mãos firmes:
_Eu te amo. Eu te amo tanto. Eu vou enlouquecer sem você._ pegou-a pelo rosto._ Vem comigo, fica comigo para sempre?
_Você não ouviu o que eu disse? EU TENHO UM NAMORADO!
_Não! Você tem um estepe! Um cara que você está usando para me esquecer!
_Há! Deixa de ser ridículo, garoto! Volta pro seu quartel patético! Porque eu cansei de ficar no orelhão e ligar para lá e só dar ocupado. Cansei de ficar sozinha em casa. Cansei dos seus campos, das suas transferências, de..._ a voz embargou e os olhos de oceano, azuis brilhante e turbulentos desaguaram._ me deixa._ virou-se.
_ Cansou também das nossas viagens loucas?_ Romeu a seguiu mais atrás._ Cansou de deitar no meu colo para ver filme em dia de chuva, cansou do amor que a gente fazia no apartamento da Cris, cansou do meu cheiro, do meu jeito...?_ puxou-a para que ficasse de frente para ele, corpo a corpo._ Cansou de ser feliz?
_ Eu não cansei._ Ela olhava para o lado, perdida._ Foi você que foi embora e levou a minha felicidade.
Romeu nunca pensou que doesse tanto vê-la ir embora pela rua, atravessar sem olhar para trás, como um navio que vai ao longe e esquece o cais. E pareceu voltar de uma guerra perdida quando retornou para sua vida conquistada: apartamento-carro-vida-estável. Os dias se passaram cinzas, quando de manhã cedo ouve uma batida na porta. Se arrasta pelo corredor, arruma o cabelo com as mãos e tenta adaptar os olhos a claridade da luz da cozinha que acende. Olha pelo olho mágico e pensa que é um sonho o que vê. Abre a porta.
_Eu não pretendo lavar farda hen?!_Julieta entra e joga as malas num canto._ Nem pense que vai deixar copo na pia!_ apontou para a louça da janta de ontem.
Romeu com uma cara incrédula, um sorriso de felicidade plena, não se mexe, teme que seja um sonho e o despertador o acorde a qualquer momento. Julieta, então, lhe abraça, não consegue envolvê-lo por inteiro, por ser tão pequenina perto daquele gigante.
_Eu amo você. Não adianta, é só você, só com você..._ riu da própria loucura.
Romeu nunca deixou Julieta sozinha em casa para se virar com os filhos. Julieta nunca soube o que era dormir abraçada ao lado do seu amor já velhinhos os dois. Eles não tinham fotos de todas as viagens na estante da sala.
Porque isso seria amor, seria levar às últimas conseqüências. Romeu e Julieta preferiram não lutar, se entregaram a morte muito antes de viverem a realidade.
Para amar um militar e lutar pelo cara que mexe com a gente de verdade é preciso um amor muito maior que o de Romeu e Julieta, um amor que resista.
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